por João Batista Rangel
Diante da
escassez de assuntos aqui pelo Paraná, busquei nos meus arquivos algo que
pudesse ser interessante para os amigos do futmesa. Encontrei esta história que
na época chamei de “O Lance do Lagoão 2011”. Este lance envolveu nosso
MULTICAMPEÃO, Alex Degani e revelou, a meu ver, o que há de mais marcante em
sua personalidade, o valor pelos seus amigos. Um fato que vale a pena ser
lembrado e que poucas vezes podem ser revividos. Aproveito para mandar um forte
abraço ao amigo Alex e dizer que estamos sempre na torcida por seu retorno e
vitórias nas principais competições do nosso futmesa.
O Lance
do Lagoão 2011
Tudo
começou no almoço do sábado no Grêmio Esportivo Lourenciano.
Estávamos
na mesa, eu, Deco, Panda, Ronir, Alex e Viviane, hoje sua esposa, mas na época sua
noiva, batendo aquele papo descontraído, animado e, como sempre, cheio de
“azaração”!
Foi
quando perguntei ao Alex se ele não tinha um time do Internacional, bi-campeão
brasileiro em 75/76, para negociar. Ele me disse que o único time que tinha
desta época era aquele com o qual estava jogando o Lagoão e que não poderia
negociá-lo por ser um time especial para ele.
Lamentei
e justifiquei meu interesse porque, apesar de gremista, tinha muito respeito e
admiração por aquele time colorado. Além de ser, para mim, o melhor time
colorado de todos os tempos, também foi numa época em que eu, jogando na
várzea, tinha como espelho o “Bola-bola”, Falcão que, também para mim, é
um dos “Top Five” do futebol mundial de todos os tempos.
Contei
para o Alex algumas histórias daqueles tempos, de alguns Grenais inesquecíveis
que assisti: Daquele em 1976 que ganhamos de 3 X 1, com três gols de Zequinha e
um do Falcão, em pleno Beira Rio. Daquele que levamos um gol aos 48 minutos do
segundo tempo, do “Escurinho”, de cabeça... “Aquele gol me fez quebrar um rádio
de raiva”, disse eu a Alex.
Uma bela
conversa sobre um tempo muito legal na minha vida.
Pois
bem... No dia seguinte eis que estávamos todos assistindo a finalíssima do
Lagoão.
De um
lado Umberto de Santa Vitória, com o seu Valença, do outro Alex Degani, com seu
Internacional anos 75/76.
Jogo
equilibrado, primeiro tempo sem chances de gol, segundo tempo da mesma forma,
até que algo inusitado aconteceu!
Já eram
quase 20 minutos da segunda etapa quando, numa jogada quase perdida lá pela
ponta esquerda do ataque do Alex, ele, despretensiosamente, aproximou
seu centroavante reserva, o "Escurinho", da linha da pequena área
adversária. Umberto tentou cobrir e deixou uma pequena brecha para Alex
chegar com seu cavador "Caçapava" que estava dando uma de ponta
esquerda. Lá dentro da grande área, pertinho da pequena, estava ele
"Escurinho".
Foi
quando Alex, com a bexiga cheia de cerveja, pediu permissão a Umberto para ir
ao banheiro! Que loucura!
Neste momento
nosso amigo Ronir, "A Lenda", "A Múmia" ou "O Xiru
Enfaixado", como queiram, se aproximou de mim e falou no meu ouvido:
"Vocês pensam que o Deco é maluco! Maluco é o Alex que saiu no meio da
partida pra mijar."
Alguns
minutos de espera e lá vem o Alex, aliviado!
A torcida
ao redor da mesa ficou na expectativa! Alex mediu a situação, olhou, mirou,
olhou de novo e falou: "A gol, Caçapava!"
Agora sim
a torcida, que já estava ansiosa, se voltou totalmente para o lance!
Confesso
que pensei: "Ele vai fazer este gol".
Não sei
se era confiança ou estava me deixando levar pela emoção de torcedor. Acredito que
a grande maioria da torcida mesmo conhecedora das habilidades do Alex, duvidava
da possibilidade de gol.
Era muito
difícil! Tinha que cortar muito e ainda acertar o cruzamento, lá na
"cabeça" do "Escurinho"! Muito difícil!
Mas...
É isso
que torna o futmesa emocionante!
Umberto
arrumou o goleiro, avisou e Alex se posicionou.
Alguns
segundos depois o chute...
Fantástico!
Eu era o mais próximo da goleira, vi direitinho! Que chute, que perfeição! A
bolinha veio direto no "Escurinho" e dele pro gol! Golaço!
Vejam a trajetória do botão (Caçapava) e da bolinha. Foto do Ítalo (Blog Gol a Gol Futmesa) |
Escutei o
grito, do Alex! Indescritível! O grito da superação, do impensável, do
incompreensível, do campeão!
Gol de
quem?
Do Alex!
E do "Escurinho", aquele do GRENAL, aquele do rádio que quebrei de
raiva!
Coincidência?
Não!
Providência! Providência divina!
Mais alguns
minutos e acabou o jogo, acabou o Lagoão!
Alex
campeão!
Abraços e
cumprimentos merecidos, pela campanha, pelo retorno aos cavados, mas,
sobretudo, por aquele golaço.
No
caminho para a cerimônia de encerramento e premiação, a surpresa:
Alex
Degani, numa verdadeira atitude de campeão e de demonstração de amizade, me
chamou e falou:
- Rangel,
vou te deixar uma lembrança.
- Lembrança?
Perguntei eu.
Alex
retirou sua caixinha de dentro da mochila, colocou-a sobre a mesa, abriu-a e
começou a retirar um a um os botões e me disse:
- Vou te
dar este time.
- Verdade?
Perguntei eu de novo, meio perplexo.
- Claro!
Vou te dar! Verdade! Disse ele.
Eu não sabia
o que fazer ou dizer de tão emocionado que fiquei. O abraço e o agradecimento
foram pouco. O time do Alex? Campeão do Lagoão! Do Inter, anos 75/76! Do
"Escurinho"! Que maravilha!
E como
diria o velho Celestino Velenzuela: "Que lance!"
Sim, que
lance e que atitude do Alex: O lance do Lagoão!
Tenho
certeza que muitas coisas legais aconteceram nos dias deste Lagoão de 2011, mas
nenhuma delas poderia ilustrar melhor a sua “marca registrada”, a fraternidade,
do que este presente que recebi do Alex.
Um
verdadeiro troféu! Não por ter merecido nas mesas, pois afinal, minha campanha
foi um desastre! Mas um troféu que não somente eu, mas todos os participantes
do Lagoão merecem receber. O troféu da amizade tão peculiar dentro do futmesa.
Alex, eu e o "Troféu da Amizade" |
Mais uma
vez: “Que lance!”.
Parabéns
Alex e muito obrigado pelo presente!
Salve o
LAGOÃO! Salve o FUTMESA!
PAZ e
BEM!
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Amanhã teremos:
Que grande gesto do Alex, presenteando ao Rangel, após uma grande conquista. Realmente são pessoas em nosso esporte que merecem um tratamento diferenciado. O altruísmo venceu o amor ao time vencedor e ele foi parar nas mãos de um gremista que confessou o seu respeito por uma máquina de jogar futebol. E diga-se de passagem, máquina esta provinda das categorias de base, com algumas compras pontuais. Hoje em dia compra-se o que tiver no mercado e desvaloriza-se o trabalho feito na base. Parabéns aos dois baluartes de nosso esporte pela bela história que pudemos ler. Gestos assim são únicos e marcam a vida de que foi protagonista. Motivo de orgulho para a família botonistica brasileira.
ResponderExcluirAdauto Celso Sambaquy
Realmente, Sambaquy, duas coisas marcantes o time do Inter e a atitude do Alex.
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