por João Batista Rangel
PARANÁ SOBRE MESAS XI
Gostaria de aproveitar nosso espaço para reeditar quatro artigos que
escrevi sobre a história do nosso futmesa. Nesta primeira postagem, de 14 de
janeiro de 2012, conheça um dos precursores do nosso esporte que, apesar de
muitas controvérsias, sem dúvidas contribuiu para que nosso esporte tenha
chegado no nível que temos hoje.
ARQUIVOS DO FUTMESA BRASILEIRO (1)
Em conversa com o amigo, colunista do futmesa e um dos baluartes do
futmesa brasileiro, Adauto Celso Sambaquy, decidimos em parceria abrir um
espaço, aqui no blog da AFUMECA, para preservar parte da história do futmesa
brasileiro. Sambaquy é dono de um acervo de imagens, objetos e histórias sobre
nosso futmesa, dignos de um museu. Aliás, temos um plano de futuramente
montarmos o "Museu Virtual do Futmesa" reunindo, além do acervo
particular de Sambaquy, materiais de outros amigos que desejem contribuir com a
preservação histórica do nosso esporte. Com toda tecnologia disponível não será
difícil catalogar imagens e documentos eletronicamente. Fotos históricas,
camisetas de clubes e seleções de futmesa, flâmulas, botões, etc, farão parte
do acervo.
Enquanto aguardamos, nosso sonhado "Museu Virtual",
publicaremos aqui, num espaço chamado "Arquivos do Futmesa Brasileiro",
algumas matérias obtidas através de pesquisa, com imagens gentilmente cedidas
por Sambaquy, diretamente do seu riquíssimo acervo, além de contar, é claro,
com suas sempre ricas e agradáveis considerações. Para iniciar, desde o começo,
queremos fazer referência a uma figura bastante importante na formação do que
hoje é a nossa “Regra Brasileira” de futmesa. Trata-se do fundador da primeira
federação de futebol de mesa no Brasil e criador da "Regra Gaúcha",
Lenine Macedo de Souza.
Lenine Macedo de Souza e a Regra Gaúcha
Conforme já publicado em nosso blog, na postagem “O Futmesa no Brasil”,
nosso esporte já é praticado no Brasil desde a década de 1930, quando o saudoso
Geraldo Décourt, em São Paulo, criou o Celotex e editou o primeiro livro de
regras para o futmesa.
Lenine com os amigos em Porto Alegre
Um pouco mais tarde, em 1941, em Porto Alegre RS, o botonista Lenine,
liderando um grupo de estudantes adolescentes, criou a primeira associação para
prática do esporte no Brasil, chamada “Sociedade Esportiva General Lima e
Silva”.
Em 1961 Lenine também fundou a primeira federação de futebol de mesa do
Brasil, a “Federação Rio-grandense de Futebol de Mesa”, com sede na Cidade
Baixa em Porto Alegre, utilizando uma regra desenvolvida por ele com o nome de
“Regra Gaúcha”.
FRFM a primeira Federação de Futebol de Mesa do
Brasil
Sociedade Esportiva General Lima e Silva, fundada
por Lenine na Cidade Baixa em Porto Alegre
A partir da iniciativa de Lenine o futebol de mesa teve grande
desenvolvimento formando verdadeiras legiões de jogadores no Rio Grande do Sul
nas décadas de 50 e 60, quando os botões de “galalite” eram produzidos pela fábrica
“Botões Puxadores Scharlau” que chegava a produzir 300 botões diariamente. O
próprio Lenine também viria a ser fabricante de botões e acessórios para o
esporte. Os botões eram fabricados com um material chamado "polopás"
e levavam o nome de "Botões LIONE", uma composição do seu nome com o
nome de sua esposa Yvone.
Surge a “Regra
Brasileira”
Com a criação da Federação, os campeonatos gaúchos sucediam-se, anos
após anos. Em 1966, o então presidente da Federação, Sr. Gilberto Ghizi
solicitou que a Liga Caxiense organizasse e promovesse o Campeonato Estadual no
mês de dezembro daquele ano. Em junho desse mesmo ano, comemorando seu primeiro
aniversário, a Liga Caxiense, promoveu um torneio em que reuniu os botonistas
do Rio Grande do Sul e os baianos Oldemar Seixas e Ademar Carvalho, convidados
especiais do evento. Foi neste torneio, jogado na regra gaúcha, que o Rio
Grande do Sul conheceu os botões padronizados, com as cores e distintivos dos
clubes, utilizados pelos baianos. Ademar Carvalho, mesmo jogando em uma regra
bem diferente da sua, acabou ficando com o vice-campeonato. Após o término do torneio
os baianos fizeram uma demonstração da “Regra Baiana” em uma mesa especialmente
construída para este fim. Os gaúchos ficaram encantados com a beleza e plástica
imprimida naquele sistema.
Entre esse torneio e o campeonato gaúcho, que seria realizado em
dezembro, Gilberto Ghizi e Sambaquy conversaram muito sobre como ficaria uma
regra que unisse a gaúcha e a baiana, dando início a ante-projetos tentando
juntar o que havia de bom nas duas regras. Chegando dezembro, antes da
realização do Campeonato Estadual, por ocasião da tradicional assembleia que
antecede as disputas, o projeto da nova regra foi apresentado, sendo aprovado
por unanimidade pelos gaúchos, dando poderes a Ghizi, presidente Federação Rio-grandense,
e a Sambaquy, presidente da Liga Caxiense, para se deslocarem à Bahia e
discutirem a possibilidade da criação de uma regra unificadora que permitisse a
realização de campeonatos nacionais. Participaram desta assembleia figuras
bastante representativas do futmesa gaúcho da época, entre eles Paulo Borges,
Claudio Saraiva, Sergio Duro, Fausto Borges, Clair Marques que foram unânimes
quanto a criação da nova regra.
Foi assim que, em 1967, aconteceu uma reunião no estado da Bahia com a
intenção de unificar as regras de futmesa praticadas principalmente nos estados
do Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Rio Grande do Norte e
Paraíba. Surgia então a atual “Regra Brasileira Um Toque Disco”. A comissão
original da Regra Brasileira foi composta por Ademar Carvalho, Nelson Carvalho,
Roberto Dartanhã e Oldemar Seixas, pela Bahia, Adauto Celso Sambaquy e Gilberto
Ghizi pelo Rio Grande do Sul.
A criação da nova regra acabou dividindo os botonistas gaúchos e a
“Federação Rio-grandense de Futebol de Mesa”, fundada por Lenine, que era
radical quanto a manutenção de sua regra como “a única”, seguiu praticando
somente a “Regra Gaúcha”, numa série de campeonatos estaduais até o ano de
1974. Com o passar dos anos a “Regra Brasileira”, que mantinha articulação com
os demais estados, foi ganhando espaços da “Regra Gaúcha” provocando a
dissolução natural da “Federação Rio-grandense de Futebol de Mesa” que teve
seus últimos registros oficiais em 1980.
Em 1973, na Cidade de Canguçu, realizou-se o primeiro Campeonato
Estadual na Regra Brasileira. Nessa ocasião foi lançada a ideia e
criada a “União das Ligas” do futebol de mesa gaúcho, pelos praticantes da
“Regra Brasileira”, que acabou dando origem a "Federação Gaúcha de Futebol
de Mesa”, criada em 1986.
Apesar deste problema institucional, a “Regra Gaúcha” continuou sendo
muito praticada no Rio Grande do Sul e, a partir dos anos 80, muitos botonistas
criaram departamentos de futebol de mesa nos clubes de Porto Alegre,
especialmente no Grêmio de Futebol Porto Alegrense e no Sport Clube
Internacional.
Em 1988, graças ao trabalho incansável e incessante de um grupo de
abnegados, entre os quais: Antônio Maria Dellatorre, em São Paulo, Roberto
Dartanhã, na Bahia, Antônio Carlos Martins no Rio de Janeiro, Claudio Schemes
no Rio Grande do Sul, José Ricardo Caldas e Almeida, em Brasília, liderados
pelo “Papa” do futebol de mesa brasileiro, Geraldo Décourt, o futebol de mesa é
reconhecido como esporte pelo Conselho Nacional de Desportos. A partir daí o
CND passa a considerar três regras oficiais de futmesa no Brasil: a “Regra
Brasileira Um Toque Disco”, criada na Bahia em 1967, a “Regra Paulista 12
Toques Esfera de Feltro” e a “Regra Carioca 3 Toques Esfera de Feltro”.
Como a “Regra Gaúcha” não estava vinculada a “Federação Gaúcha de
Futebol de Mesa” e a “Federação Rio-grandense” havia sido extinta, a mesma não
foi oficializada.
Mesmo não sendo reconhecida pelo CND a “Regra Gaúcha” continuou sendo
bastante praticada no Rio Grande do Sul e, além da retomada dos “Campeonatos
Estaduais” da regra, a partir de 1997, outros eventos significativos
continuaram acontecendo pelo estado.
Em 2007 foi criada a “Liga Gaúcha de Futebol de Mesa” que até os dias de
hoje vem unindo os praticantes da “Regra Gaúcha”, criada por Lenine, para
difundi-la e fomentar a prática do Futebol de Mesa.
Apesar do saudoso Lenine jamais ter aceitado a "Regra
Brasileira" seu trabalho em prol do futebol de mesa e especialmente a
criação da "Regra Gaúcha" tiveram valor inestimável para o
crescimento do esporte no Brasil, pois a "Regra Gaúcha" foi a que
mais contribuiu na formação da "Regra Brasileira", atualmente a mais
praticada no país.
Lenine Macedo de Souza faleceu em 1982, era casado com a
Sra. Yvone Guimarães de Souza que faleceu ano passado em Porto Alegre. Deixaram
as filhas Lenita Mara e Ivanise, os netos Rafael, Letícia e Roberta além do
sobrinho Renato, criado por eles
Nossa sincera homenagem a Lenine e seus familiares.
AFUMECA
No último sábado na AFUMECA, mais jogos pelo
VII Torneio AFUMECA, nas modalidades LIVRE e LISO.
Jogos da modalidade LIVRE:
Pelé 1 X 1 Ademir
Classificação da modalidade LIVRE:
TÉCNICO
|
PG
|
J
|
V
|
D
|
E
|
GP
|
GC
|
SG
|
ADEMIR
|
17
|
10
|
5
|
3
|
2
|
7
|
5
|
2
|
ANTÔNIO
|
6
|
12
|
2
|
10
|
0
|
3
|
22
|
-19
|
DECO
|
24
|
10
|
7
|
0
|
3
|
9
|
0
|
9
|
DURVAL
|
24
|
12
|
7
|
2
|
3
|
11
|
7
|
4
|
LUCAS
|
21
|
13
|
6
|
4
|
3
|
9
|
11
|
-2
|
PELÉ
|
19
|
13
|
5
|
4
|
4
|
9
|
9
|
0
|
RANGEL
|
23
|
11
|
7
|
2
|
2
|
14
|
8
|
6
|
VAGNER
|
19
|
11
|
6
|
4
|
1
|
10
|
10
|
0
|
VICTOR
|
0
|
8
|
0
|
8
|
0
|
0
|
0
|
0
|
Jogos da modalidade LISO:
Durval 2 X 2 Ademir
Deco 1 X 1 Vagner
Durval 2 X 1 Vagner
Vagner 1 X 1 Ademir
Classificação da modalidade LISO:
TÉCNICO
|
PG
|
J
|
V
|
D
|
E
|
GP
|
GC
|
SG
|
ADEMIR
|
11
|
9
|
2
|
2
|
5
|
12
|
13
|
-1
|
DECO
|
16
|
6
|
5
|
0
|
1
|
10
|
1
|
9
|
DURVAL
|
18
|
9
|
5
|
1
|
3
|
9
|
12
|
-3
|
LUCAS
|
12
|
9
|
3
|
3
|
3
|
7
|
12
|
-5
|
RANGEL
|
12
|
7
|
4
|
3
|
0
|
6
|
6
|
0
|
VAGNER
|
13
|
9
|
3
|
2
|
4
|
9
|
9
|
0
|
VICTOR
|
0
|
6
|
0
|
6
|
0
|
0
|
0
|
0
|
SALVE O FUTMESA, PAZ E BEM!
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Amanhã teremos:
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