por Flávio Lisa
SÓ
DEPENDEMOS DE NÓS MESMOS?
Em muitos esportes – no
futebol de mesa não é diferente – repetido é o argumento: “Só dependemos de nós
mesmos”.
Concito os caros leitores a
refletir acerca da veracidade de tal assertiva.
Voltemos um pouco ao tempo...
Olimpíadas da Grécia – ATENAS/2004.
Vanderlei
Cordeiro de Lima conquistou, ao apagar das luzes dos jogos, a medalha mais
imprevisível das que o Brasil ganhou nas Olimpíadas de Atenas. O bronze
significou para o país o melhor resultado da história na prova, mas deixou uma
sensação de indignação, já que a vitória esteve perto de ser alcançada.
Por
causa de um manifestante que o atrapalhou por volta do 36º quilômetro da prova,
Vanderlei Cordeiro viu sua vantagem de cerca de 40 segundos despencar
rapidamente. Um padre irlandês invadiu a pista e arrastou o maratonista para a
calçada. Com a ajuda do público o brasileiro conseguiu voltar para a pista, mas
demorou a retomar o ritmo que levava até então. Nos últimos minutos, o italiano
Stefano Baldini e o eritreu naturalizado norte-americano Meb Keflezighi
ultrapassaram Vanderlei. Acabavam ali as chances do brasileiro de conquistar a
medalha de ouro. Mas o maratonista segurou a terceira posição e garantiu o
bronze.
Na vida e no esporte muitas vezes esgotamos todas as esferas de preparação para um evento, nos cercamos de todas as possibilidades de caminhos viáveis ao sucesso, todavia, eis que surge o imponderável, o impensável, o inimaginável ou até mesmo o sobrenatural.
Na vida e no esporte muitas vezes esgotamos todas as esferas de preparação para um evento, nos cercamos de todas as possibilidades de caminhos viáveis ao sucesso, todavia, eis que surge o imponderável, o impensável, o inimaginável ou até mesmo o sobrenatural.
No exemplo do nosso corredor
tudo indicava que ele corria a passos largos em direção ao triunfo quando o
maluco resolveu atravessar-lhe o caminho.
No futmesa um atleta de
ponta dedica horas e horas a treinos e repetições, melhora a sua jogabilidade,
ganha experiência em torneios preparativos, observa o seu preparo físico e
emocional, apura e adequa o seu material esportivo deixando tudo pronto e
ensaiado para encarar uma legião de feras em competições nacionais e regionais.
Tudo isso dá ao atleta
apenas a sensação de dever cumprido em uma fase de boa preparação, mas passa
longe de garantir o lugar mais alto do pódio. Ainda que ele esteja num final de
semana iluminado, jogando e finalizando bem, tranquilo em seu estado emocional,
em perfeitas condições físicas, adaptado às mesas e com “sorte”, ele ainda pode
ser vítima do inesperado como p. ex. um erro crasso de uma arbitragem
desatenta, relapsa e ineficiente, e testemunhar seu sonho de título acabar em
fração de segundos.
Ainda que por vezes fatores
externos decidam o destinos de competições no futmesa, tais acontecimentos são
cada vez, Graças a Deus, mais raros hodiernamente.
Definitivamente não queremos
e não comportaria mais ver de volta fatores externos sobrepondo a técnica no
futebol de mesa brasileiro como outrora ocorrido no episódio da pistolagem no
Campeonato Brasileiro de Itapetinga e na interferência da “Catimba Manesiana”
do Norte Nordeste de Salvador, ambos na década de 80.
Resta aos organizadores do
nosso esporte se manterem na linha de cada vez mais promoverem as competições
de tal forma que os fatores extra mesas tenham cada vez menos influência na
definição das colocações e que assim os “Vanderleis Cordeiros de Lima” do disco tenham pista livre para os seus
triunfos, quando assim merecerem.
_________________________________________________________________________
Amanhã teremos:
Nenhum comentário:
Postar um comentário