terça-feira, 4 de agosto de 2015

Princesa de Bola















por Flavio Lisa

















A DIALÉTICA DO TREINO

Treinar pra que? Pra que treinar? Não sei se no tom de veracidade ou na mais fútil chacota, mas em verdade ouve-se e muito nos salões de futmesa Brasil a fora tal expressão.

Em cada esporte percebemos que existe uma sequência de evolução natural com a iniciação, passando pelo período de apresentação de materiais, regras, adaptação, domínio de técnicas e fundamentos, práticas reiteradas etc., até que o atleta, maravilhado pelo avanço da sua jogabilidade, depara-se com o pé de uma montanha. Ao olhar pra trás, vê com um ar de orgulho (por vezes arrogante) um caminho longo percorrido desde o início, até não enxergando alguns colegas de caminhada que por razões diversas permaneceram lá pelas primeiras milhas, apenas ousando em projetar sua enorme sombra sobre eles.

Inevitavelmente, guina-se em 180° e, desta feita, vê que não tem mais caminho a andar e sim a escalar, a subir, enfim, dá-se conta de sua pequenez. Descobre que existe uma montanha a ser desbravada, um cume a ser conquistado. Não sabe qual a real sensação de se chegar lá, mas sabe por ouvir dizer que é indescritível (o que o torna mais confuso).

Como ir adiante? Vale a pena o esforço? Quero me divertir ou ser um Campeão? Quero jogar botão ou Futebol de Mesa?  Até quando a competição para mim se resumirá em conhecer lugares e rever amigos? Minha meta deve ser menos salão de jogos e mais praias e bares? Vice versa?

Como em qualquer esporte existe inspiração e transpiração. O mesmo Futebol que revelou Romário, Garrincha etc., os quais foram agraciados por um dom natural que nem sabem de onde veio e talvez por isso fizessem pouco caso dos treinos, revelou muito bem também um Zidane que se fez craque ao treinar com afinco os fundamentos do esporte de tal forma que o tornou um gênio, um maestro.

O que dizer de Zico que tanto repetiu cobranças de falta horas e horas pós treino? Esse mesmo gesto fez de Rogério Ceni o maior goleiro artilheiro da história.

Pouco tempo atrás antes de sua ida ao Barcelona, ao ser perguntado sobre a programação dos seus dribles, Neymar respondeu que não fazia a mínima ideia, surgia na hora e fazia, simplesmente driblava (imaginem como fica a cabeça do seu marcador).

Por outro lado, vemos a Alemanha ensinar às suas crianças os fundamentos desde a base até colher os frutos num desempenho avassalador na Copa 2015.

Enfim, passaria horas escrevendo sobre exemplos de desportistas aplicados e/ou abençoados pelo dom.

E quanto ao nosso querido futmesa?

- Você aí caro leitor. É, você mesmo. Não olhe para o lado.

- Até quando?

Até quando vamos nos contentar em ser números nas competições?

Até quando vamos chegar ao quase topo da montanha e rolar de volta na certeza de que faltou algo?

Tomemos como exemplo dois craques que chegaram ao cume 8 vezes somados: DIÓGENES e HAMILTON, dois “monstros”. Este (O MAGNÍFICO), a manifestação clara do dom de jogar futmesa. Aquele (O ETERNO), o maior campeão de todos, traduz o senso de aplicação, repetição e respeito aos fundamentos.

Apesar de, particularmente admirar mais o estilo de Hamilton, sigo a escola de Diógenes, vez que reputo o futmesa atual é um quase esporte de alto rendimento e digo sem qualquer receio de errar que sem treino não se ganha nada mais.

- E você? Que acha? Até quando?

E por falar em Santamarense, lembremos Caetano Veloso, pois “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.

Até quando vamos errar os fundamentos do futebol de mesa pela simples falta de dedicação e aplicação mínima?

O dom é seu?

EU TREINO, TU TREINAS. E ELE? TREINA?

_________________________________________________________________________

Amanhã teremos:


Nenhum comentário:

Postar um comentário