por Flavio Lisa
A
DIALÉTICA DO TREINO
Treinar pra que? Pra que
treinar? Não sei se no tom de veracidade ou na mais fútil chacota, mas em
verdade ouve-se e muito nos salões de futmesa Brasil a fora tal expressão.
Em cada esporte percebemos que
existe uma sequência de evolução natural com a iniciação, passando pelo período
de apresentação de materiais, regras, adaptação, domínio de técnicas e
fundamentos, práticas reiteradas etc., até que o atleta, maravilhado pelo avanço
da sua jogabilidade, depara-se com o pé de uma montanha. Ao olhar pra trás, vê
com um ar de orgulho (por vezes arrogante) um caminho longo percorrido desde o
início, até não enxergando alguns colegas de caminhada que por razões diversas
permaneceram lá pelas primeiras milhas, apenas ousando em projetar sua enorme
sombra sobre eles.
Inevitavelmente, guina-se em
180° e, desta feita, vê que não tem mais caminho a andar e sim a escalar, a
subir, enfim, dá-se conta de sua pequenez. Descobre que existe uma montanha a
ser desbravada, um cume a ser conquistado. Não sabe qual a real sensação de se
chegar lá, mas sabe por ouvir dizer que é indescritível (o que o torna mais
confuso).
Como ir adiante? Vale a pena o
esforço? Quero me divertir ou ser um Campeão? Quero jogar botão ou Futebol de
Mesa? Até quando a competição para mim
se resumirá em conhecer lugares e rever amigos? Minha meta deve ser menos salão
de jogos e mais praias e bares? Vice versa?
Como em qualquer esporte
existe inspiração e transpiração. O mesmo Futebol que revelou Romário,
Garrincha etc., os quais foram agraciados por um dom natural que nem sabem de
onde veio e talvez por isso fizessem pouco caso dos treinos, revelou muito bem
também um Zidane que se fez craque ao treinar com afinco os fundamentos do
esporte de tal forma que o tornou um gênio, um maestro.
O que dizer de Zico que tanto
repetiu cobranças de falta horas e horas pós treino? Esse mesmo gesto fez de
Rogério Ceni o maior goleiro artilheiro da história.
Pouco tempo atrás antes de sua
ida ao Barcelona, ao ser perguntado sobre a programação dos seus dribles,
Neymar respondeu que não fazia a mínima ideia, surgia na hora e fazia,
simplesmente driblava (imaginem como fica a cabeça do seu marcador).
Por outro lado, vemos a
Alemanha ensinar às suas crianças os fundamentos desde a base até colher os
frutos num desempenho avassalador na Copa 2015.
Enfim, passaria horas
escrevendo sobre exemplos de desportistas aplicados e/ou abençoados pelo dom.
E quanto ao nosso querido
futmesa?
- Você aí caro leitor. É, você
mesmo. Não olhe para o lado.
- Até quando?
Até quando vamos nos contentar
em ser números nas competições?
Até quando vamos chegar ao quase
topo da montanha e rolar de volta na certeza de que faltou algo?
Tomemos como exemplo dois
craques que chegaram ao cume 8 vezes somados: DIÓGENES e HAMILTON, dois
“monstros”. Este (O MAGNÍFICO), a manifestação clara do dom de jogar futmesa.
Aquele (O ETERNO), o maior campeão de todos, traduz o senso de aplicação,
repetição e respeito aos fundamentos.
Apesar de, particularmente
admirar mais o estilo de Hamilton, sigo a escola de Diógenes, vez que reputo o
futmesa atual é um quase esporte de alto rendimento e digo sem qualquer receio
de errar que sem treino não se ganha nada mais.
- E você? Que acha? Até
quando?
E por falar em Santamarense,
lembremos Caetano Veloso, pois “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.
Até quando vamos errar os
fundamentos do futebol de mesa pela simples falta de dedicação e aplicação
mínima?
O dom é seu?
EU TREINO, TU TREINAS. E ELE?
TREINA?
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Amanhã teremos:
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