segunda-feira, 13 de julho de 2015

Paraná Sobremesas











por João Batista Rangel


Diante da escassez de assuntos aqui pelo Paraná, busquei nos meus arquivos algo que pudesse ser interessante para os amigos do futmesa. Encontrei esta história que na época chamei de “O Lance do Lagoão 2011”. Este lance envolveu nosso MULTICAMPEÃO, Alex Degani e revelou, a meu ver, o que há de mais marcante em sua personalidade, o valor pelos seus amigos. Um fato que vale a pena ser lembrado e que poucas vezes podem ser revividos. Aproveito para mandar um forte abraço ao amigo Alex e dizer que estamos sempre na torcida por seu retorno e vitórias nas principais competições do nosso futmesa.

O Lance do Lagoão 2011

Tudo começou no almoço do sábado no Grêmio Esportivo Lourenciano. 
Estávamos na mesa, eu, Deco, Panda, Ronir, Alex e Viviane, hoje sua esposa, mas na época sua noiva, batendo aquele papo descontraído, animado e, como sempre, cheio de “azaração”!

Foi quando perguntei ao Alex se ele não tinha um time do Internacional, bi-campeão brasileiro em 75/76, para negociar. Ele me disse que o único time que tinha desta época era aquele com o qual estava jogando o Lagoão e que não poderia negociá-lo por ser um time especial para ele.

Lamentei e justifiquei meu interesse porque, apesar de gremista, tinha muito respeito e admiração por aquele time colorado. Além de ser, para mim, o melhor time colorado de todos os tempos, também foi numa época em que eu, jogando na várzea, tinha como espelho o “Bola-bola”, Falcão que, também para mim, é um dos “Top Five” do futebol mundial de todos os tempos.

Contei para o Alex algumas histórias daqueles tempos, de alguns Grenais inesquecíveis que assisti: Daquele em 1976 que ganhamos de 3 X 1, com três gols de Zequinha e um do Falcão, em pleno Beira Rio. Daquele que levamos um gol aos 48 minutos do segundo tempo, do “Escurinho”, de cabeça... “Aquele gol me fez quebrar um rádio de raiva”, disse eu a Alex.

Uma bela conversa sobre um tempo muito legal na minha vida.

Pois bem... No dia seguinte eis que estávamos todos assistindo a finalíssima do Lagoão.
De um lado Umberto de Santa Vitória, com o seu Valença, do outro Alex Degani, com seu Internacional anos 75/76.

Jogo equilibrado, primeiro tempo sem chances de gol, segundo tempo da mesma forma, até que algo inusitado aconteceu!

Já eram quase 20 minutos da segunda etapa quando, numa jogada quase perdida lá pela ponta esquerda do ataque do Alex, ele, despretensiosamente, aproximou seu centroavante reserva, o "Escurinho", da linha da pequena área adversária. Umberto tentou cobrir e deixou uma pequena brecha para Alex chegar com seu cavador "Caçapava" que estava dando uma de ponta esquerda. Lá dentro da grande área, pertinho da pequena, estava ele "Escurinho".

Foi quando Alex, com a bexiga cheia de cerveja, pediu permissão a Umberto para ir ao banheiro! Que loucura!

Neste momento nosso amigo Ronir, "A Lenda", "A Múmia" ou "O Xiru Enfaixado", como queiram, se aproximou de mim e falou no meu ouvido: "Vocês pensam que o Deco é maluco! Maluco é o Alex que saiu no meio da partida pra mijar."

Alguns minutos de espera e lá vem o Alex, aliviado!

A torcida ao redor da mesa ficou na expectativa! Alex mediu a situação, olhou, mirou, olhou de novo e falou: "A gol, Caçapava!"

Agora sim a torcida, que já estava ansiosa, se voltou totalmente para o lance!

Confesso que pensei: "Ele vai fazer este gol".

Não sei se era confiança ou estava me deixando levar pela emoção de torcedor. Acredito que a grande maioria da torcida mesmo conhecedora das habilidades do Alex, duvidava da possibilidade de gol.

Era muito difícil! Tinha que cortar muito e ainda acertar o cruzamento, lá na "cabeça" do "Escurinho"! Muito difícil!

Mas...

É isso que torna o futmesa emocionante!

Umberto arrumou o goleiro, avisou e Alex se posicionou.

Alguns segundos depois o chute...

Fantástico! Eu era o mais próximo da goleira, vi direitinho! Que chute, que perfeição! A bolinha veio direto no "Escurinho" e dele pro gol! Golaço!

Vejam a trajetória do botão (Caçapava) e da bolinha.
Foto do Ítalo (Blog Gol a Gol Futmesa)


Escutei o grito, do Alex! Indescritível! O grito da superação, do impensável, do incompreensível, do campeão!

Gol de quem?

Do Alex! E do "Escurinho", aquele do GRENAL, aquele do rádio que quebrei de raiva!

Coincidência?

Não! Providência! Providência divina!

Mais alguns minutos e acabou o jogo, acabou o Lagoão!

Alex campeão!

Abraços e cumprimentos merecidos, pela campanha, pelo retorno aos cavados, mas, sobretudo, por aquele golaço.

No caminho para a cerimônia de encerramento e premiação, a surpresa:
Alex Degani, numa verdadeira atitude de campeão e de demonstração de amizade, me chamou e falou:
- Rangel, vou te deixar uma lembrança.
- Lembrança? Perguntei eu.
Alex retirou sua caixinha de dentro da mochila, colocou-a sobre a mesa, abriu-a e começou a retirar um a um os botões e me disse:
- Vou te dar este time.
- Verdade? Perguntei eu de novo, meio perplexo.
- Claro! Vou te dar! Verdade! Disse ele.
Eu não sabia o que fazer ou dizer de tão emocionado que fiquei. O abraço e o agradecimento foram pouco. O time do Alex? Campeão do Lagoão! Do Inter, anos 75/76! Do "Escurinho"! Que maravilha!
E como diria o velho Celestino Velenzuela: "Que lance!"
Sim, que lance e que atitude do Alex: O lance do Lagoão! 

Tenho certeza que muitas coisas legais aconteceram nos dias deste Lagoão de 2011, mas nenhuma delas poderia ilustrar melhor a sua “marca registrada”, a fraternidade, do que este presente que recebi do Alex.

Um verdadeiro troféu! Não por ter merecido nas mesas, pois afinal, minha campanha foi um desastre! Mas um troféu que não somente eu, mas todos os participantes do Lagoão merecem receber. O troféu da amizade tão peculiar dentro do futmesa.

Alex, eu e o "Troféu da Amizade"


Mais uma vez: “Que lance!”.

Parabéns Alex e muito obrigado pelo presente!

Salve o LAGOÃO! Salve o FUTMESA!

PAZ e BEM!

_________________________________________________________________________

Amanhã teremos:

2 comentários:

  1. Que grande gesto do Alex, presenteando ao Rangel, após uma grande conquista. Realmente são pessoas em nosso esporte que merecem um tratamento diferenciado. O altruísmo venceu o amor ao time vencedor e ele foi parar nas mãos de um gremista que confessou o seu respeito por uma máquina de jogar futebol. E diga-se de passagem, máquina esta provinda das categorias de base, com algumas compras pontuais. Hoje em dia compra-se o que tiver no mercado e desvaloriza-se o trabalho feito na base. Parabéns aos dois baluartes de nosso esporte pela bela história que pudemos ler. Gestos assim são únicos e marcam a vida de que foi protagonista. Motivo de orgulho para a família botonistica brasileira.
    Adauto Celso Sambaquy

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Realmente, Sambaquy, duas coisas marcantes o time do Inter e a atitude do Alex.

      Excluir